sábado, 17 de dezembro de 2011

Assim falou meu amigo e irmão Guilherme Bach...

Dia de folga, acordei com umas quarenta senhoras (entre heptagenárias e octogenárias, inclusive minha mãe ) na cozinha, conversando, todas ao mesmo tempo. As senhoras do chá da catedral. Decidiram se reunir e fazer uma confraternização em um restaurante. A boa notícia era o sossego do resto do dia. Minha folga, com meus horários, pra fazer nada.
Tomei meu mata-bicho, fumei meu cigarro na rua, ainda olhando os resultados da passagem da chuva no dia anterior. Comecei a sentir uma reviravolta nas tripas - foi o churrasco de ontem meio dia - pensei.
Vou esperar as senhoras saírem, de folga, sozinho, vou ter o trono só pra mim, sem ninguém batendo a porta. Dei mais uns dez minutos, a conversa das madames não diminuiu, aumentaram conforme aumentava também minha indisposição na buchada.
Decidi não esperar a saída das senhoras, entrei pela cozinha e fui ao que chamamos aqui em casa de banheirinho, ao lado da cozinha, um banheiro de um metro e vinte por um metro e vinte.

Foi o tempo de sentar e sentir-se aliviado, fiquei alheio ao coro de mulheres conversando na cozinha, enquanto meditava, olhei pra fechadura e vi que não tinha chaveado a porta. Com a calma de um monge budista dei uma volta na chave, como tava estediado, fui dar a segunda volta na chave, ficando somente com a parte de fora da chave na mão, todo o resto da chave ficou dentro da fechadura - para bom entendedor não preciso dizer que a chave quebrou.

Eu, ali trancado num banheiro minúsculo, com somente dois cigarros na carteira, comecei a pensar na situação:

"A porta abre, pra dentro, não tem como eu arrombar, tem que ser arrombada de fora pra dentro, espero as senhoras saírem ou aviso elas?" Vou avisar! - me passou algumas imagens na cabeça: Um bando de senhoras, inutilmente, se revezando, na tentativa de derrubarem a porta no tradicional método de segura o trique e dá de ombro. Lembrei-me da Dona Tudi com labirintite, na primeira tentativa dela, já iam ter que socorrê-la. Tinha a Dona Maria do Bastião, se elas atinassem a deixar a primeira tentativa pra ela, elas poderiam ter sucesso.

Se estas senhoras não tentassem e chamassem os bombeiros? - Lembrei do o motorista dos bombeiros, um velho amigo, ele iria vir de sirene ligada e com máquina fotográfica, ia reunir toda a vizinhança para o cerimonial do pagamento do mico.

Vou deixar quieto, a hora que a mãe sair, ela vai me procurar pra avisar que está indo, vai me perguntar se preciso de algo. O que respondo a ela?

Tudo bem, não preciso de nada, só dá uma “voadeira” na porta faz favor. - Pode ir, só antes me alcança uma carteira de cigarros pela janelinha do banheiro. Sem problemas, não preciso de nada, só pega a extensão e a serra e me joga pela janela. Bom almoço, a senhora sabe o que é uma talhadeira?- Boa festa, não se esquece de levar dinheiro, tem como a senhora me alcançar o notebook aqui?- Preciso de nada, só me alcança aquela machadinha vermelha para eu matar uma barata.
Enquanto pensava não notei que a conversa ia diminuindo, diminuindo, diminuindo até que ouvi a porta da cozinha ser fechada e chaveada ( só pode ter sido a minha irmã, ela sempre me sacaneia ). Agora vou ter que me virar com um cinzeiro, uma saboneteira, uma toalha, oito rolos de papel higiênico e um balde. Na melhor das hipóteses a ajuda externa agora vai ter que além de arrombar a porta do banheiro vai ter que derrubar a porta da cozinha também...Por Guilherme Bach - Osório RS

sábado, 5 de novembro de 2011

Lya Fett Luft


Lya Fett nasceu em Santa Cruz do Sul, uma cidade de colonização alemã, como filha do advogado e juiz Arthur Germano Fett. A sua família tinha muito orgulho de suas raízes germânicas e, por isso, considerava-se superior aos "brasileiros", embora seus integrantes tivessem chegado ao Brasil em 1825.[1] Durante sua juventude, Lya foi uma tida como uma menina desobediente e contestadora: não gostava de aprender a cozinhar nem a bordar e chegou a ser mandada para um internato durante dois meses.

--->Assim disse Lya Luft
"Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização"

sábado, 29 de outubro de 2011

Luis Fernando Verissímo - Imperdíveis

"O casamento foi a maneira que a humanidade encontrou de propagar a espécie sem causar faltório na vizinhança. As tradições matrimoniais se transformaram através dos tempos e variam de cultura para cultura. Em certas sociedades primitivas o tempo gasto nas preliminares do casamento - corte, namoro, noivado, etc...- era abreviado. O macho escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para sua caverna. Com o passar do tempo este método foi abandonado , por pressão dos buffets, das lojas de presente e das mulheres, que não admitiam um período pré-conjugal tão curto. O homem precisava aproximar-se dela, cheirar seus cabelos, grunhir no seu ouvido, mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse disraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-la para a caverna." Luis Fernando Verissímo